Fuga da artificialidade: Atreva-se, se for capaz
É
meio de semana e eu, como legítima trabalhadora do shopping, devoro um
hambúrguer e na sacola de papel um milkshake
de morango me aguarda. Ao destroçar cada pedaço daquele fasfood entre passo fast
as pessoas, até quando o tom vermelho abrandou os passos coletivos e o tão
saboroso lanche dividira espaço com o cheiro de merda pública a entranhar nas
minhas narinas. Muitos já devem ter localizado o templo do consumo do qual me
refiro, mas não vem ao caso.
A
retenção do sinal fez com que em um milésimo de segundos traçasse pensamentos
de como era gostoso o sabor daquele hambúrguer aroma churrasco. O chedar e o bacon faziam par perfeito à alegria de estraçalhar aquela iguaria.
Hum! Bom!! Bom pra cassete! Que cassete se tudo é artificial?! Conversas
artificiais, curtir, poses espontaneamente calculadas, compartilhar, liberdade
versão online tão lasciva quanto a humanidade dos fakes.
Quem
você quer ser? Vista a sua máscara! Na plataforma virtual você navega no mundo
da fantasia que quebra tempo e espaço. Quem diria! Nos meus tempos de salas de
bate-papo Uol me divertia ao
descrever que era uma morena dos olhos azuis sem igual e cadeiruda! Quando não
fingia ser o príncipe encantado das menininhas! Aquele que até a gente sonha,
sabe?
E
sacanagem? Ah! Dá para falar muitas putarias. Todas as que vem à mente, até
aquelas que você mesma se autoduvida!
O mais divertido são as reações! Todas tão favoravelmente esperadas! Afinal pra
viver em rede tem de ter afinidade. Até as reações contrárias no máximo se
enquadram na categoria bizarrices. Então o meu ‘KKK’ significa que estou a
gargalhar? Um ‘gato, dorme comigo’ é o mesmo que diria pessoalmente? Cadê o
fator surpresa?
A
surpresa é de assistir a vida de pipoca de microondas na mão. E ela passa,
passa, passa, fast, fast. Precisamos experimentar a
realidade com doses homeopáticas de humanidade. Trocar beijos, bofetadas,
sarros, abraços, amassos. Hoje eu falo de mim e de você. Atreva-se!
Por Tais de Hollanda