quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fuga da artificialidade: Atreva-se, se for capaz




É meio de semana e eu, como legítima trabalhadora do shopping, devoro um hambúrguer e na sacola de papel um milkshake de morango me aguarda. Ao destroçar cada pedaço daquele fasfood entre passo fast as pessoas, até quando o tom vermelho abrandou os passos coletivos e o tão saboroso lanche dividira espaço com o cheiro de merda pública a entranhar nas minhas narinas. Muitos já devem ter localizado o templo do consumo do qual me refiro, mas não vem ao caso.

A retenção do sinal fez com que em um milésimo de segundos traçasse pensamentos de como era gostoso o sabor daquele hambúrguer aroma churrasco. O chedar e o bacon faziam par perfeito à alegria de estraçalhar aquela iguaria. Hum! Bom!! Bom pra cassete! Que cassete se tudo é artificial?! Conversas artificiais, curtir, poses espontaneamente calculadas, compartilhar, liberdade versão online tão lasciva quanto a humanidade dos fakes.

Quem você quer ser? Vista a sua máscara! Na plataforma virtual você navega no mundo da fantasia que quebra tempo e espaço. Quem diria! Nos meus tempos de salas de bate-papo Uol me divertia ao descrever que era uma morena dos olhos azuis sem igual e cadeiruda! Quando não fingia ser o príncipe encantado das menininhas! Aquele que até a gente sonha, sabe?

E sacanagem? Ah! Dá para falar muitas putarias. Todas as que vem à mente, até aquelas que você mesma se autoduvida! O mais divertido são as reações! Todas tão favoravelmente esperadas! Afinal pra viver em rede tem de ter afinidade. Até as reações contrárias no máximo se enquadram na categoria bizarrices. Então o meu ‘KKK’ significa que estou a gargalhar? Um ‘gato, dorme comigo’ é o mesmo que diria pessoalmente? Cadê o fator surpresa?

A surpresa é de assistir a vida de pipoca de microondas na mão. E ela passa, passa, passa, fast, fast. Precisamos experimentar a realidade com doses homeopáticas de humanidade. Trocar beijos, bofetadas, sarros, abraços, amassos. Hoje eu falo de mim e de você. Atreva-se!  

Por Tais de Hollanda